O superendividamento é um problema muito delicado no Brasil, especialmente no pós-pandemia. Segundo a última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a proporção de famílias endividadas ficou em 78,5% em maio de 2024, acima de março (78,1%) e de abril de 2023 (78,3%).
Esse é um assunto que tira o sono não apenas das famílias, mas também de empresários, afinal, 6,7 milhões de empresas estavam inadimplentes em janeiro deste ano, segundo o levantamento Serasa Experian. O problema é tão latente que até mesmo a Lei do Superendividamento (nº 14.181/2021) foi criada para proteger consumidores em situações de superendividamento, promovendo a renegociação das dívidas e buscando um equilíbrio entre credores e devedores, além de incentivar práticas de concessão de crédito mais responsáveis.
Mas como evitar chegar nesse ponto? Quais são os sinais de alerta que devem ser levados em consideração quando o tema são as dívidas? Reunimos, a seguir, cinco sinais vermelhos para ficar atento, além de dicas para evitar o superendividamento. Confira!
Sinais vermelhos de superendividamento
É imprescindível ficar de olho nos sinais de superendividamento para evitar cair nessa armadilha financeira. Veja alguns exemplos mais recorrentes:
1. Pagamento mínimo da fatura do cartão
Uma prática que parece inofensiva e é muito comum é o pagamento apenas do valor mínimo do cartão de crédito. Embora possa parecer uma solução temporária para aliviar as pressões financeiras, pagar apenas o mínimo pode resultar em juros altos e no acúmulo de uma dívida cada vez maior. Os empresários devem estar atentos a esse padrão de comportamento e buscar alternativas mais sustentáveis para gerenciar suas finanças.
2. Aumento constante do endividamento
Se os empréstimos e as dívidas estão crescendo de forma contínua, isso pode indicar que a empresa está gastando mais do que pode pagar, além de estar enfrentando problemas de fluxo de caixa. É essencial que haja o correto monitoramento do nível de endividamento do estabelecimento comercial para que seja possível adotar medidas para controlar e reduzir a dívida.
3. Uso frequente de empréstimos
O uso frequente de empréstimos pode ser um sinal de que um negócio está enfrentando dificuldades financeiras e recorrendo a fontes externas de financiamento para cobrir despesas operacionais. Embora os empréstimos possam solucionar problemas momentaneamente, eles também aumentam o ônus financeiro da empresa a longo prazo. É essencial ter uma gestão financeira eficaz capaz de identificar e resolver as causas subjacentes dos problemas em vez de recorrer a empréstimos como solução rápida.
4. Atrasos recorrentes nos pagamentos
A ocorrência frequente de atrasos nos pagamentos de contas e faturas é outro sinal de alerta de superendividamento. Atrasos constantes podem resultar em penalidades financeiras, perda de crédito e danos à reputação da empresa. Priorizar o pagamento pontual das contas e buscar maneiras de melhorar o gerenciamento de seu fluxo de caixa para evitar atrasos recorrentes é sempre o caminho mais seguro e sustentável a longo prazo.
5. Redução do lucro líquido
Já parou para pensar que a redução significativa no lucro líquido da empresa pode indicar problemas financeiros? Se o lucro líquido está diminuindo consistentemente ao longo do tempo, isso pode ser um sinal de que a empresa está enfrentando dificuldades para gerar receita suficiente para cobrir suas despesas operacionais e pagar suas dívidas. A dica é analisar cuidadosamente as causas dessa redução de lucro e tomar medidas para reverter essa tendência negativa.
Conselhos práticos para evitar o superendividamento
Leu os sinais vermelhos para risco de superendividamento e se identificou? Não se desespere. Agora é o momento de reverter a situação. Confira algumas dicas práticas que podem ajudar:
Invista em planejamento financeiro estratégico
Estabelecer um planejamento financeiro estratégico é fundamental para evitar o superendividamento. Crie um plano detalhado que leve em consideração todas as despesas operacionais, entre custos fixos e variáveis, e reserve fundos para emergências e investimentos futuros.
Faça controle rigoroso dos gastos
Donos de negócio devem estabelecer limites claros de gastos e evitar despesas desnecessárias que possam comprometer a saúde financeira da empresa. Implementar políticas de aprovação de gastos e realizar revisões periódicas das despesas pode ajudar a manter os gastos sob controle.
Aposte na diversificação das fontes de receita:
Busque oportunidades para expandir sua base de clientes, desenvolver novos produtos ou serviços e diversificar sua oferta para alcançar novos mercados. Ter múltiplas fontes de receita pode ajudar a proteger a empresa contra flutuações econômicas e garantir uma renda estável a longo prazo.
Busque negociação de condições de pagamento
Procure estabelecer relacionamentos sólidos com fornecedores confiáveis e explorar opções de financiamento flexíveis que ofereçam condições favoráveis de pagamento. Negociar prazos estendidos e taxas de juros mais baixas pode ajudar a reduzir o ônus financeiro da empresa e melhorar sua posição de caixa.
Monitore as finanças regularmente
É crucial acompanhar de perto as receitas, despesas, lucros e fluxo de caixa da empresa e estar atento a quaisquer sinais de alerta de problemas financeiros iminentes. Implementar sistemas de relatórios eficazes e revisar regularmente os resultados com a equipe de gestão pode ajudar a manter a empresa no caminho certo e evitar surpresas desagradáveis no futuro.
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