Por Rogério Signorini*
Quando o Banco Central (BC) lançou o Pix, em novembro do ano passado, o objetivo era certo: oferecer uma opção segura, rápida e sem custos ao consumidor na hora de realizar suas transações financeiras. A meta foi alcançada com êxito e, hoje, o Pix tem presença consolidada entre a população. Com nove meses de existência, o sistema apresenta 242 milhões de chaves cadastradas, 1,547 bilhão de transações realizadas e uma movimentação financeira de R$ 1,109 trilhão, segundo dados de maio do BC.
No último Dia dos Pais, em 8 de agosto, o sistema de pagamentos bateu recorde: na antevéspera da data, o número de transações realizadas em um único dia alcançou R$ 40,4 milhões, entre pagamentos e transferências, com movimentação financeira de R$ 24,8 bilhões. Foi a primeira vez que o número ficou acima dos 40 milhões em um único dia.
A tendência é que este número cresça ainda mais. De acordo com a pesquisa Experiência Brasileira com Serviços Financeiros, realizada recentemente pela Fiserv, o Pix de fato está entre os meios de pagamento favoritos do brasileiro. Metade da população respondeu que prefere o Pix (22%) e os cartões de crédito e débito (28%) – por aproximação, chip e online – para realizar transações. Além disso, o Pix foi apontado como o meio de pagamento mais seguro em 66% das respostas.
A pandemia de Covid-19 também teve papel decisório para o sucesso do Pix. O uso de dinheiro em espécie, por risco de contágio com coronavírus, foi bastante reduzido. O que deu mais espaço para meios digitais. Na mesma pesquisa, apenas 8% dos respondentes preferem as cédulas para efetuar o pagamento.
Relatório da Ebit|Nielsen e do Bexs Banco mostra que a pandemia e o isolamento social impulsionaram o e-commerce, que cresceu 41% em 2020, faturando R$87,4 bilhões. As projeções para 2021 também são animadoras: as vendas devem crescer 26%, atingindo um faturamento de R$110 bilhões.
A tendência é certa: a transição do pagamento em dinheiro para pagamentos eletrônicos, muito acelerada pelo fornecimento eletrônico do auxílio emergencial para a pandemia e o sucesso do PIX, deve manter-se e aumentar, mesmo após voltarmos ao “antigo normal”.
Neste mundo cada vez mais digital, comerciantes, varejistas e empreendedores precisam adaptar-se aos novos hábitos dos consumidores. É necessário traçar diferentes estratégias para alcançar o público e acompanhar o mercado, integrando os mundos físico e online. O Pix, sem dúvida, é uma das modalidades que devem estar no radar para isso, mas não a única. A tecnologia deve conviver simultaneamente com outras formas de pagamento, como recorrência, tokenização e link de pagamento para vendas via redes sociais e aplicativos de mensagem, além das tradicionais maquininhas de cartão (terminais POS), que mantêm sua relevância no varejo e já acompanham as novas tendências do setor – como a aceitação de pagamento contactless e QR Code.
Os empreendedores que se atentarem a estas mudanças terão uma vantagem competitiva nos próximos anos. E, para quem tem dúvidas por onde começar, pode contar com as grandes empresas líderes em meios de pagamento com serviços e soluções cada vez mais modulares para ajudar instituições, de qualquer tamanho e em diferentes setores, a sair na frente. No universo do omnichannel ainda tem muito espaço.
*Rogério Signorini é diretor de produtos e-commerce da Fiserv América Latina